Juiz autoriza volta de crianças retiradas de casa à força para adoção na Bahia

O desejo de Silvânia Mota da Silva, 25 anos, de passar o Natal com os cinco filhos encaminhados para quatro famílias paulistas por decisão da Justiça poderá ser realizado.
Silvânia Mota da Silva chora ao falar dos cinco filhos que foram adotados contra a sua vontade, na Bahia Na manhã desta terça-feira (27), o juiz da comarca de Monte Santo (352 km de Salvador), Luís Roberto Cappio Guedes Pereira, que estava reavaliando o caso, revogou a guarda provisória dos menores.
Os filhos de Silvânia serão encaminhados para uma instituição de acolhimento em Monte Santo para refazerem os vínculos com os pais biológicos e depois poderem voltar definitivamente para casa.
A decisão foi confirmada pela assessoria do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). No entanto, a decisão de Cappio ainda não foi publicada no “Diário da Justiça Eletrônica”, o que, segundo a assessoria, deverá ser feito amanhã (28).
Após a publicação, há um prazo de 15 dias para que as crianças, que ainda estão com as famílias paulistas, retornem à Bahia. A batalha durou um ano e cinco meses.
O lavrador Gerôncio Brito de Souza e a dona de casa Silvânia Mota da Silva tentaram através de órgãos de defesa da criança e do adolescente de Salvador reaver os filhos retirados de casa para adoção, por determinação da Justiça.
O caso foi publicado pelo UOL em 22 de setembro deste ano. Após ir ao ar no programa “Fantástico”, algumas semanas depois, ganhou repercussão nacional.

Guarda provisória

A decisão do juiz Vítor Manuel Xavier Bizerra, responsável pelo encaminhamento das crianças, se baseou em laudos sobre a situação da família elaborados pelo Conselho Tutelar e pelo Centro de Referência Especializada da Assistência Social (Creas), ambos de Monte Santo, e foi duramente criticada por órgãos de defesa da criança e do adolescente baianos.
O caso passou a ser investigado também pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas da Câmara Federal, com a suspeita de se tratar de uma quadrilha para traficar crianças do sertão da Bahia. Os filhos de Silvânia, quatro meninos (7, 6, 4 e 2 anos) e uma menina (1 ano e 8 meses), foram retirados, segundo relato da mãe ao UOL “à força” de casa.
“Tem sido muito difícil porque eu sou mãe e não quero que aconteça com ninguém o que estou passando. Está todo mundo sofrendo muito, principalmente minha mãe, que ajudava a cuidar das crianças. Quero passar o Natal com meus filhos. Quero eles de volta”, disse Silvânia, um dia após ter ido a Brasília para ser ouvida pela CPI do Tráfico de Pessoas.

Suspeitos

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas aprovou no último dia 20 a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Carmen Topschall e Bernhard Topschal. Eles são suspeitos de intermediarem adoções ilegais em Monte Santo.
O requerimento aprovado pela comissão também requer a quebra dos sigilos referentes às empresas que estão em nome dos dois acusados. O presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), disse, na época, que a quebra dos sigilos pode ajudar no esclarecimento da participação do casal em adoções ilegais em municípios do interior da Bahia.

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